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E S T A Ç Ã O   DA   Q U A R E S M A


QUARESMA, estação do roxo, é tempo de:

Oração
   Lágrimas
      Pranto
         Contrição
            Arrependimento
               Purificação
                  Despojamento
                     Disciplina
                        Profunda reflexão
                           Privação
                              Sofrimento
                                 Retorno
                                    Libertação
                                       Alegria
                                          Fraternidade

Na Escritura Sagrada, o número quarenta tem uma significação muito especial de natureza simbólica e litúrgica.

O tempo da Quaresma é uma estação convidativa ao recolhimento espiritual para a totalidade da comunidade, da Igreja como tal, bem como para cada um de nós, que se intitula e deseja ser cristão. Toda a riqueza litúrgica nos prepara mais íntima e diretamente para a celebração da redenção que Deus oferece ao mundo em seu Filho - Jesus Cristo.

Quaresma é tempo de preparação para a Páscoa. A história da Igreja registra que, desde o Niceno, primeiro concílio ecumênico, realizado no ano 325, a Quaresma foi a estação preparatória da Páscoa. Tal preparação consistia, na Igreja do Ocidente, de seis semanas; ao passo que, na Igreja do Oriente, consistia de sete semanas. Quanto ao número de dias de jejum, havia uniformidade em toda a Igreja. Dagoberto Romag, O.F.M., em sua História da Igreja, 1º volume, nos informa que, nos domingos, não se jejuava e, no Oriente, também os sábados não eram dias de jejum. Em algumas partes, começaram, já no século 5º, a completar os quarenta dias de jejum, iniciando-os na quarta-feira antes do primeiro domingo da Quaresma, e introduzindo igualmente o costume de impor as cinzas neste dia.

A Quaresma tem a duração de quarenta dias que se inicia na Quarta-Feira de Cinzas e vai até o Domingo de Ramos, a Semana Santa sendo considerada como uma só celebração da Paixão e da Ressurreição. A simbologia do número quarenta na Escritura Sagrada indica uma luta espiritual, na qual Deus assegura o triunfo.

Assim, temos:

40 dias do dilúvio
   40 anos da marcha do povo escolhido de Deus através do deserto
      40 dias de Moisés na nuvem
         40 dias da subida de Elias no Monte Horebe
            40 dias de jejum de Jesus Cristo no deserto

À vista dos acontecimentos tão marcantes que entremearam o plano redentor e salvífico de Deus, hoje, aqui e agora, e até a parusia, quando Deus "fará novas todas as coisas", a Igreja que tem como centro Jesus Cristo está sendo convidada por Ele e dirigida pelo Espírito Santo para uma caminhada de quarenta dias de purificação, despojamento, disciplina, meditação e oração antes do auge do ano litúrgico - a Páscoa.

Os quatro domingos da Quaresma evocam:

O jejum de Cristo no deserto
   A transfiguração que anuncia a ressurreição
      A luta contra o demônio
         A multiplicação dos pães

Durante a Quaresma, bem como por todo o ano litúrgico em nossa peregrinação com Cristo, aceitamos pacientemente a privação e o sofrimento a fim de conhecermos a transfiguração da nossa natureza, o triunfo sobre o maligno, assim como a profunda e esfuziante alegria de sermos diariamente alimentados pelo testemunho da Escritura Sagrada e dominicalmente, pela Eucaristia do Senhor, para que, em nós e por nós, seja manifestada a GLÓRIA DE DEUS.

Quaresma é o tempo propício para nossa volta a Deus por meio de Jesus Cristo, sob a direção e iluminação do Espírito Santo, porquanto o processo de redenção que Deus propõe é dinâmico e exige de cada um de nós obediência, perseverança, santificação e fidelidade ao Senhor de nossas vidas - JESUS CRISTO.


Cerilto Soares da Silva
Em: Dinâmica da fé cristã 
(Editora Ágora da Ilha)

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