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LEITURAS DO LECIONÁRIO REFORMADO PARA O 22º DOMINGO APÓS PENTECOSTES (32º DO TEMPO COMUM), 10 DE novembro DE 2019, ANO C, COR LITÚRGICA: VERDE







Antigo Testamento: Ageu 1.15b - 2.9

Salmo 145.1-5,17-21 ou Salmo 98 ou Jó 19.23-27a ou Salmo 17.1-9

Epístola: 2Tessalonicenses 2.1-5,13-17

Evangelho: Lucas 20.27-38



"DEUS NÃO É DEUS DE MORTOS, MAS DE VIVOS, POIS TODOS VIVEM PARA ELE." (Lucas 20.38)


(*) O ser humano, criatura de Deus, que se aproxima dele e busca viver a vida de acordo com sua vontade fica ansioso por responder aos anseios do seu Criador. É um movimento natural e até, digamos, muito bom. O problema ocorre quando essa ansiedade se ancora num regramento de leis somente. A dificuldade emerge quando o zelo pela lei se torna excessivo, a ponto de o amor do indivíduo ser transferido à letra fria, e não a Deus e ao próximo. Com a vinda de Jesus, o próprio Deus entre nós, recebemos uma interpretação da lei que nos mostra que seu objetivo deveria ser regular uma vida que objetivasse uma aproximação do Pai e do próximo. Sobre a questão dos saduceus, notem que eles evocam uma situação que poderia ser condenada por nós hoje: homens terem que se casar com as viúvas de seus irmãos. Um absurdo, nos nossos dias e onde vivemos. Entretanto, devemos olhar para aquela época e aquele lugar: o famoso Sitz im Leben (o local da vivência, grosso modo). Naquele contexto, mulheres não tinham como se sustentar e dependiam dos homens. Era época da falocracia, momento patriarcal, e mulheres eram relegadas ao segundo plano, assim como crianças e outras categorias. Entretanto, para manter um cuidado social como prerrogativa para o povo, foi determinado que se cuidassem das viúvas. Essa é uma bela solução social para a época. Mostra misericórdia, solidariedade e responsabilidade para com aquelas que ficariam isoladas e sofrendo por si só. Na época de Jesus, os saduceus estavam preocupados com uma matemática, uma lógica, um legalismo que era intrínseco dos malabarismos humanos aqui na Terra. Entretanto, Jesus aponta que esse tipo de problema não é pra ser ruminado. O Reino do Todo-Amor resolverá tudo e nós não temos como saber isso. Temos a opção, somente, de mergulharmos nossa fé, amor e esperança em Deus. Deixar que ele resolva tudo, confiando a ele tudo. Até porque, de fato, entregando ou não, ele o resolverá. Dessa forma, um coração tranquilo e agradecido preocupa-se com o resumo da lei que Jesus nos trouxe, aquela que ajuda a resolver com solidariedade, misericórdia e responsabilidade as necessidades nossas e daqueles que convivem conosco: amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. Em nossos dias, as viúvas são abençoadas com trabalho para se sustentar e não precisam mais passar pela humilhação de ter que se entregar como um objeto a membros da família de seu marido. Pensem, também, na libertação que é o avanço de dignidade que temos quando agimos em sociedade para que o outro e a outra tenham vida em abundância. Graças a Deus por Jesus e seus ensinamentos para amarmos a Deus acima das leis. Essa compreensão nos faz entender que ela não só pode como precisa ser atualizada, para que a vida em abundância chegue a todos aqueles que Deus criou. Nessa perícope, destacamos duas lições: não é equívoco reconhecer a dignidade das mulheres e dar-lhes autonomia de vida e possibilidade de liderança. É um avanço, justo e natural, que nos leva à vontade de Deus de que amemos o próximo como a nós mesmos. A segunda vem dos doutores da lei: se seguimos a leitura e encontramos o versículo seguinte a esse trecho, vemos que alguns deles disseram a Jesus: "Foi uma boa resposta". Mostra de que também é possível perguntar para compreender, para entender, e não somente para rebater. Jesus nos ensina até hoje. Enfim, ele é Deus de vivos, e não de mortos! Quem tem ouvidos para ouvir ouça! Louvado seja Deus.

Quantos Possunt ad Sanitatem Trahunt



LEITURAS DEVOCIONAIS
DOMINGO (10nov)
Salmo matutino: 19; 150
Salmo vespertino: 81; 113
Antigo Testamento: Joel 1.1-13
Epístola: 1Coríntios 14.1-12
Evangelho: Mateus 20.1-16

SEGUNDA-FEIRA (11nov)
Salmo matutino: 135; 145
Salmo vespertino: 97; 112
Antigo Testamento: Joel 1.1-13 ou Joel 1.15 - 2.2
Epístola: Apcalipse 18.15-24
Evangelho: Lucas 14.12-24

TERÇA-FEIRA (13nov)
Salmo matutino: 123; 146
Salmo vespertino: 30; 86
Antigo Testamento: Joel 1.15 - 2.2(3-11) ou Joel 2.3-11
Epístola: Apocalipse 19.1-10
Evangelho: Lucas 14.25-35

QUARTA-FEIRA (14nov)
Salmo matutino: 15; 147,1-11
Salmo vespertino: 48; 4
Antigo Testamento: Joel 2.12-19
Epístola: Apocalipse 19.11-21
Evangelho: Lucas 15.1-10

QUINTA-FEIRA (15nov)
Salmo matutino: 36; 147.12-20
Salmo vespertino: 80; 27
Antigo Testamento: Joel 2.21-27
Epístola: Tiago 1.1-15
Evangelho: Lucas 15.1-2,11-32

SEXTA-FEIRA (16nov)
Salmo matutino: 130; 148
Salmo vespertino: 32; 139
Antigo Testamento: Joel 2.28 - 3.8
Epístola: Tiago 1.16-27
Evangelho: Lucas 16.1-9

SÁBADO (17nov)
Salmo matutino: 56; 149
Salmo vespertino: 118; 111
Antigo Testamento: Joel 3.9-17
Epístola: Tiago 2.1-13
Evangelho: Lucas 16.10-17(18)


Publicado toda quinta-feira (ou perto disso) por aqui e no Twitter @revsandroxavier.


Imagem: Ícone que mostra Jesus recuperando vivos e mortos. Sem título e sem autor.

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