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A   p e s c a   m a r a v i l h o s a


Pesca milagrosa

Sinto-me como Teófilo, o excelentíssimo. Assim chamado pelo evangelista Lucas, companheiro de longos caminhos ao lado do apóstolo Paulo, de quem ouviu sobre Jesus e foi designado que servisse a Teófilo fornecendo a ele uma “narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra” (Lucas 1.1b-2).

Isso diante do rico privilégio de ser abençoado pelo Espírito Santo, que se utilizou dessa narrativa a que inspirou por meio desses privilegiados que vivenciaram cada um dos testemunhos ali narrados.

É com essa sensação que observo, ao mergulhar no texto, o cenário desenvolvido pela narrativa.

Segundo Lucas, Jesus havia debandado para os lados de Genesaré, após quase ser lançado do cimo do monte de Nazaré, sua cidade de origem. Jesus agora se encontra entre os pescadores, homens simples que, de forma árdua, trabalhavam pelo seu pão. Ao avistar dois barcos pesqueiros vazios, Jesus entra em um dos barcos e, dali, começa a ensinar o povo.

E é assim, em meio à vida quotidiana, enquanto alguns trabalhadores foram limpar seus instrumentos de trabalho, que Jesus entra do “barco de suas vidas”.  Perceba que Jesus sai do cenário da incredulidade dos mais achegados e devotos na fé farisaica, alguns parentes e conterrâneos, frequentes da sinagoga e acostumados a uma rotina religiosa de um evangelho suspeito, aguado, que não os compromete com a necessidade de mudanças, de adequações com um Deus que tenha a sua vontade e foco diferente do deles (Lucas 4). Agora, Lucas, em seu capítulo 5, aponta para Jesus dentro de um barco que, oportunamente, estava vazio e atendia ao seu propósito de ensinar àquelas pessoas que, antes, o apertavam e agora estão ouvindo sua mensagem. Entendemos que os fatos narrados nos versículos 3-5 apontam que, desde que Jesus entrou no barco até o término de seus ensinos, houve um aumento na conexão entre todos naquela praia com Jesus. A partir daí, um milagre acontece: quando, das Palavras de orientação de Jesus, surge a “Pesca Maravilhosa”.

Note que os planos de Deus, mais uma vez, ratificam a pregação do Cristo em Nazaré, quando os excluídos, os párias, os que sofrem serão aconchegados pela salvação de Jesus e partilharão do pão da vida que só Cristo pode dar.

A pesca maravilhosa aconteceu após Jesus falar às pessoas que ali estavam, convocar Pedro para fazer algo que ele jamais pensaria em fazer sozinho, pois estava limitado pela lógica de sua rotina diária e de seu parco entendimento de quem era aquele “rabino”.

Agora, a vida daquelas pessoas jamais seria a mesma. Nem dos pescadores, nem dos famintos dos ensinamentos de Cristo.

“Sob a tua palavra lançarei as redes” (Lucas 5.5). Talvez Pedro nem tivesse a ideia real do que suas palavras queriam dizer, mas uma coisa é certa: a partir dali, ele e todos que estavam naquele barco jamais seriam os mesmos.

Que esse evangelho que modifica e transforma rotinas, sistemas e vidas possa ser encontrado em nossa jornada e por meio de nós. Que haja confraternização de almas em nossas paróquias, reuniões e irmandades e que, sob a Palavra do Cristo, nós também lancemos nossas redes.



Rev. Luiz Cláudio de Oliveira
Pastor Presbiteriano

(*) Imagem: Pesca milagrosa, em Biblia y Poesia, na internet. Sem indicação de autoria.

Comentários

  1. Muito boa exposição querido. Deus continue te abençoando com Palavras sábias que geram vida.

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