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A Liturgia não é (ainda) um artefato arqueológico


Foi lançada a coletânea Protestantismo em perspectiva, organizada por Francisco Leite e Reinaldo Olecio. Nela produzi o texto que reflete sobre a situação da liturgia, hoje, nas nossas igrejas, intitulado "A Liturgia não é (ainda) um artefato arqueológico". Segue um trecho abaixo:







Muitas pessoas olham para a orientação de um ritual que abarque os momentos necessários, as possibilidades e aqueles que não podem ser esquecidos com um pouco de medo do rigor e da sisudez que algumas vezes isso pode representar. Entretanto, obedecer uma ordem e conhecer o espírito de cada momento é somente uma forma de entender o ritual e saber o que nos une como corpo de Cristo e como cristãos reformados.

Dessa forma, não é necessário que o culto seja marcado por uma liturgia pesada só porque os liturgistas e os mestres de cerimônia têm em mente uma organização clássica do ritual. Essa ordem e esse espírito dos momentos podem ser realizados com as dinâmicas e práticas intrínsecas à comunidade em que se celebra. Aliás, é dessa forma que tem que ser. O liturgista, além disso, deve conhecer a cultura eclesial da igreja e, com isso, adaptar as dinâmicas dos momentos litúrgicos e saber o ponto correto de levar as mensagens pedagógicas no andamento da liturgia.

É bom lembrar, justamente aqui, a diferença entre programa litúrgico e liturgia. O primeiro trata-se daquele papel impresso com os detalhamentos, e até textos e músicas, utilizados no ritual. Ele pode ser distribuído ou não, pode ser projetado em uma tela, pode ser usado somente pelos integrantes da equipe litúrgica, não importa. O que realmente faz diferença é que a igreja tenha responsáveis por preparar esse roteiro, logicamente sob a responsabilidade do pastor da igreja.

A liturgia, por sua vez, é o que acontece no momento do culto. É sabido que alguns elementos do programa litúrgico acabam não acontecendo por uma série de fatores. Dessa forma, o que está escrito pode acontecer ou não. E o que acontece efetivamente, isso, sim, é a liturgia. Adicionalmente, é bom salientar que o programa litúrgico é imprescindível para que a liturgia ocorra a contento.

Para adquirir o livro, você pode acessar a página abaixo:


Rev. Sandro Xavier

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